Era uma daquelas tardes em que o vento parecia sussurrar segredos antigos pelas frestas da janela. Ela, sentada na beira da cama, observava o mundo lá fora com olhos calmos, mas carregados de pensamentos. Havia algo dentro dela que pulsava silencioso: o desejo de pertencer, de encontrar um lugar onde seu silêncio fosse compreendido e sua presença, sentida.
Nunca foi sobre grandes conquistas ou aplausos. Era sobre aquele sentimento miúdíssimo de se encaixar, mesmo sem moldes perfeitos. E ela sabia, no fundo, que nem sempre o que queremos chega na hora que pedimos. Algumas vontades se transformam em caminhos e outras, em espera.
Houve um tempo em que ela se perguntava se era o suficiente. Se era digna das coisas simples que desejava com tanta ternura. Com o passar dos dias, aprendeu que o mundo tem seu ritmo, e que o merecimento não se mede pela intensidade do querer, mas pela leveza com que seguimos mesmo quando falta.
Naquela tarde, ela sorriu para si mesma. Não era um sorriso de quem venceu tudo, mas de quem aceitou que não precisa vencer sempre para continuar. Ela sabia que seu coração era bom, que seus passos eram firmes, mesmo quando o chão tremia.
Talvez ainda não fosse a hora. Talvez aquele sonho guardado não fosse sobre realização, mas sobre formação. Sobre quem ela estava se tornando ao seguir, mesmo sem garantias.
E assim ela continuou. Com doçura. Com coragem. Sabendo que o que é dela encontra um jeito de chegar. E que, enquanto isso, está tudo bem esperar. Esperar acontecendo e não esperar, esperando.
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